quinta-feira, 25 de agosto de 2016

"Quem sou eu quando digo 'eu'?"


Começo com o questionamento baseado num texto  de Poulet, que fala sobre o "eu" leitor e nada tem a ver com grandes dilemas cotidianos. Mas por que essa frase se encaixa tanto com meus incômodos mentais?

Será mesmo que eu sou o que eu quero ser? Ou será que eu sou o reflexo da sociedade na qual eu vivo? E o que é o outro quando ele ordena "seja isso"? É ele mesmo ou apenas um canal de repetição de um discurso? E o que eu exijo de mim mesma?

Penso que essa série de questionamentos expressa um misto de descontentamento e desprezo pela humanidade, alto índice de que a depressão está batendo à porta.

Esse ódio é da humanidade em si ou simplesmente odeio conhecê-la em suas mais profundas fraquezas? Desprezo porque reconheço nela meus próprios defeitos? Afinal, faço parte da humanidade, não é mesmo?

Sobre a depressão, até que ponto eu estou doente e até que ponto a sociedade está doente? E até que ponto a sociedade me torna uma pessoa doente?

Eu odeio a humanidade ou eu odeio a sociedade? Muitas perguntas.

"Trabalhe, estude, socialize, seja politicamente correta, transe (mas não se apaixone), esteja linda, aparente felicidade, CREIA NA HUMANIDADE (!!!!), fique calma... Isso, calma... Não tenha uma crise!".

E essas ordens? São de uma sociedade para mim ou vêm de mim para mim mesma? Complicado.

sábado, 5 de março de 2016

Platão, Aristóteles, Mimesis e Big Brother Brasil?!


(https://arkellconsulting.wordpress.com)

 Observo essa histeria coletiva em torno do BBB e penso em como seria a visão de Aristóteles para a sociedade atual. Será mesmo que hoje em dia ele afirmaria que o ser humano é capaz de diferenciar um objeto real de um objeto fictício? Porque, o programa de TV pode até ter pessoas "reais", mas eu duvido muito que tenha 100% de realidade no que os participantes apresentam frente às câmeras.

 Talvez o "reality show" seja realmente uma espécie de mimesis: o grande fantasma da vida de Platão, a cópia da cópia, a representação da ideia abstrata, o ideal de vida sonhado por todo brasileiro. Quem não quer morar num casarão, desfrutar das regalias de fazer muitos "nadas" e levar até uma grana por isso?

 Voltando ao coitado do Platão, penso também em como estaria explodindo de preocupação ao ver os cidadãos tomando para si as emoções alheias e entrando em "parafuso" por causa da expulsão da "moça lá", que bateu no "moço lá". E, de repente, parafraseando o que um amigo postou no Facebook há umas horas: todo o mundo esqueceu Cunha, todo o mundo esqueceu Lula (nesse ponto, agradeço), todo o mundo esqueceu Zika e Chicungunha.

 De um lado, vejo uma alienação da sociedade, que acompanha desesperadamente cada segundo do que se passa dentro da casa, com uma ânsia absurda de viver todos os momentinhos junto com os participantes. Do outro, muitos "Platões", incomodadíssimos com isso, de cinco em cinco minutos reclamando do absurdo que é se interessar por um "lixo desse". Ora, ora... Quem não gosta, não assiste. Logo, não reclama! Aliás, Platão gostava tanto da mimesis, que precisou fugir dela como um vampiro foge do Sol...

 Vejam bem, eu não tenho nada contra e nem a favor do programa. Eu cheguei a assistir até a terceira ou quarta edição, mas meu gosto pelo bizarro, macabro, grotesco e o vício por representações desse tipo, talvez sejam a minha "catarse". Catarse esta definida por Aristóteles como a maneira de purificar as emoções e abrandá-las. Talvez, de tanto expurgar minhas emoções fortes, tão nocivas para Platão, eu esteja racional a ponto de não me entreter com esse tipo de atração ou até mesmo não me indignar com quem gosta.

 Inclusive, tudo que eu escrevi, não quer dizer nada, porque esse texto só serve para fixar o conceito de mimesis por Platão e Aristóteles que aprendi na aula de Teoria da Literatura e que, aliás, nem sei se está certo... ¯\_(ツ)_/¯