domingo, 31 de dezembro de 2017

Metamorfose exige paciência

Foto por: Taylor James

A ideia inicial desse texto era fazer um aparato sobre minhas conquistas de 2017, mas não sou capaz de controlar meu impulso criativo. Eu seria muito injusta comigo mesma se negasse os gritos dele (o impulso criativo) que pedia uma continuação do post anterior. Aliás, eu passei o ano inteiro controlando os impulsos (aí que entra a parte da paciência), então nada mais justo que afrouxar as rédeas para um bem maior.

Antes da reflexão central, é preciso explicar que eu tenho uma natureza totalmente impulsiva, agressiva e impaciente. Quando comecei a olhar para dentro de mim, percebi que precisava iniciar minha metamorfose e, como a metamorfose por vontade própria é um processo dolorido, passei por muitos desafios. Um deles, talvez o principal, foi exercitar a paciência. Sobretudo a paciência para lidar com as diferenças de cada indivíduo e as mudanças que essa diversidade de ideias causa no mundo.

Esse ano foi maravilhoso em muitas coisas, eu nunca estive tão feliz e realizada como agora. Mas é certo que foi o ano mais complicado de seguir com a mudança do "eu" interior porque foi o que mais me exigiu paciência para controlar a vontade de explodir em agressividade o tempo todo e, o mais importante: paciência para lidar com os problemas, porque a impulsividade sempre me ensinou a fugir deles. A Fátima acostumada a jogar tudo para o alto e RECOMEÇAR deu lugar à Fátima que precisou aprender a respirar fundo e CONTINUAR.

E, por mais que seja difícil e que eu tenha uns ataques de fúria, é bom olhar para trás e perceber que o autocontrole está cada vez menos impossível. É gratificante saber que aprendi, mesmo que ainda no “modo iniciante”, a ser paciente e que isso vai ser mais uma qualidade a ser aprimorada no meio de tantas outras que envolvem o meu processo de transformação.

O que me impressiona e confirma que estou em constante aprendizado é que, enquanto escrevia esse texto, aprendi que o cerne de toda essa reflexão não é só “mudar a si mesmo para mudar o mundo” (ideia que pensava manter até encerrar o parágrafo anterior). No meu caso vai um pouco mais além: preciso mudar a mim para, também, aceitar o mundo...

Ainda bem que tenho mais um ano pela frente, não é mesmo?

Que 2018 seja repleto de paz e luz!

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Metamorfose

Foto por: Taylor James
"Significado de Metamorfose

substantivo feminino
Mudança ou alteração completa no aspecto, natureza ou estrutura de alguém ou de alguma coisa; transformação.
[Biologia] Transformação pela qual passam alguns animais que, no decorrer do seu processo de desenvolvimento, resulta numa forma e numa estrutura completamente diferentes das iniciais.
[Figurado] Alteração de personalidade, modo de pensar, aparência, caráter."

Eu, nos meus 30 anos de idade, já passei por muitas transformações e entendo que elas são extremamente necessárias para a evolução do "eu". Mas nunca tive em um processo de mudança tão doloroso (no sentido literal da palavra) como o atual.

Todas as vezes que uma nova Fátima surgiu, a antiga precisou morrer: ou foi morta pelo lúpus, ou pela gravidez, ou pela relação que não deu certo. Nunca pelo "eu" que está vindo. E aí está a minha dificuldade em lidar com essa metamorfose.

O meu "eu" atual, mais evoluído que os anteriores, dedicou sua existência ao auto-conhecimento, em saber do seu lugar no mundo e, consequentemente, virou um monstro da auto-destruição. Quanto mais me conheço, mais quero me desconhecer. Quanto mais entendo sobre o funcionamento do mundo, de como são as engrenagens da vida, mais eu desejo ser ignorante. Enxergar o mínimo do universo é desesperador, me deixa extremamente cansada, me faz desistir da evolução e da vida. Nesse ponto sei que falhei em ser "eu" e preciso tentar ser melhor.

"O riso, que vira pranto, que volta a ser riso..."

Fecho os olhos e vejo o cenário da minha morte: minha garganta cortada, o sangue escorrendo. Quem corta é outra Fátima, talvez a nova que precisa chegar, dar fim à essa tortura toda e soltar um suspiro aliviado depois.

"Solve et Coagula"

Essas linhas nada têm a ver com anuncio de suicídio, são apenas a formalização da despedida dessa existência falha que precisa acabar para que uma aprimorada, que tanto grita e me esfola aqui dentro, tenha liberdade pra ser, enfim... E que seja logo...