sábado, 9 de junho de 2018

A lucidez é um dom e um castigo

Alejandra Pizarnik

De la lucidez, Alejandra Pizarnik

La lucidez es un don y es un castigo, está todo en la palabra, lúcido viene de Lucifer, el arcángel rebelde, el demonio. Pero también se llama Lucifer el lucero del alba, la primera estrella, la más brillante, la última en apagarse. Lúcido viene de Lucifer, y Lucifer viene de Lux y de Fergus que quiere decir el que tiene luz, el que genera luz, el que trae la luz que permite la visión interior, el bien y el mal, todo junto. El placer y el dolor. La lucidez es dolor y el único placer que uno puede conocer, lo único que se parecerá remotamente a la alegría, será el placer de ser consciente de la propia lucidez, el silencio de la comprensión, el silencio del mero estar, en esto se van los años, en esto se fue la bella alegría animal.

Todas as vezes que me reconheço lúcida, anseio não ser.

Pensando "lucidez" no sentido etimológico da palavra, como fez Pizarnik, o excesso de luz acaba me cegando para as coisas da vida que devem ser "automatizadas", como a felicidade. Explico: a partir do momento que há um questionamento sobre a felicidade, temos um sinal de que talvez ela já não exista de maneira tão intensa na vida. E como minhas engrenagens só são movidas pela intensa reflexão do caminho que escolho para viver, um surto de felicidade vira trabalho do inconsciente.

Se eu utilizar a lucidez como sinônimo de consciência, posso dizer que esta tratou de banir pro inconsciente o medo e a esperança, experiências que atrapalham meu caminho, posto que medo leva ao desespero, esperança me leva à expectativa e, consequentemente, à paranoia.

Não sou um ser que irradia luz por onde passa, penso que a única bandeira que levantei a vida toda foi a de pessoa escrota, que erra, se permite errar para se conhecer melhor. E quando você se conhece bem, trabalha seu aprimoramento tornando mais fácil o ato de conhecer o outro, ou melhor: reconhecer que o outro também é capaz de errar. O castigo está exatamente nesse ponto.

O excesso de lucidez te deixa num nível em que você tem quase que um olhar panorâmico sobre as relações humanas. Não importa o que você faça, sempre estará olhando de cima e prevendo as situações. O triste é nunca ser surpreendido, reconhecer que todo o mundo é previsivelmente fraco como você e ver que tudo vai perdendo a graça aos pouquinhos. O mundo vai se tornando um lugar apático para se viver e o único desejo é ter de volta a inocência, a bela alegria animal...

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